Essa carta não foi escrita pelo editor do blog... mas tem tudo a ver com que reclamamos há dias: esse tal sistema 3.0 é uma boa bosta que custou 30 MILHÕES DE REAIS aos cofres do município. Enquanto isso, o prefeito e dona secretária dizem que não podem aumentar o salário, que não há verba para climatizar as salas, nem há grana para comprar uma mísera caneta para quadro branco!
Como programador, não concordo com parte da reivindicação. Especialmente no que diz respeito às iniciativas para solucionar os problemas de acesso, pois tais problemas não têm solução. Sempre haverá alguma circunstância que impedirá o acesso ao "sistema do futuro". Afinal, internet e computador falharão sempre. Ninguém sabe disso? A solução é acabar com essa traquitana.
Por fim, ninguém sabe que a MStech desenvolveu esse programinha para embolsar grana, do mesmo jeito como atuou em São Paulo?
Rio de Janeiro, 15 de abril de 2013.
A/C do Excelentíssimo Prefeito Eduardo Paes,
A/C da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME-RJ),
A/C do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do RJ – SEPE,
A/C do Excelentíssimo Vereador César Maia,
A/C do Excelentíssimo Vereador Eliomar Coelho,
A/C do Excelentíssimo Vereador Jefferson Moura,
A/C do Excelentíssimo Vereador Leonel Brizola Neto,
A/C do Excelentíssimo Vereador Reimont Otoni,
A/C do Excelentíssimo Vereador Renato Cinco,
Levando em consideração alguns sérios problemas relativos a normas e exigências determinadas pela Secretaria Municipal de Educação – SME-RJ, que não têm observado as especificidades das sub-regiões da nossa cidade, que não têm atendido ao primado democrático da negociação e do debate abrangente e amadurecido junto aos servidores da Educação, redundando em crescente acúmulo de obrigações de natureza burocrática aos/às Professores/as e à Direção Escolar, correspondendo, ademais, à gestação de uma ambiência de trabalho progressivamente menos atenta às necessárias e devidas preocupações voltadas ao processo de ensino/aprendizagem, encarecidamente solicitamos aos/às Srs./Sras. que busquem encetar soluções para o equacionamento de alguns problemas que enredam a nossa educação pública municipal, como o abaixo relatado.
Mais precisamente, aproveitamos a oportunidade aberta pelas recomendações apresentadas pela recente Circular E/SUBTE 02/2013 (de 5 de março de 2013, cf. doc. anexo), editada pela Subsecretaria de Novas Tecnologias Educacionais da SME-RJ. Esta Circular, de maneira indireta e implícita, diagnostica os notórios problemas de infra-estrutura na provisão da oferta de serviços de internet na cidade do Rio de Janeiro. Desse modo, estabelece como facultativo o uso pelos/as Professores/as do Sistema de Gestão Acadêmica (SGA) do Escola 3.0. Em que consiste o Sistema? Esquematicamente, na conversão do registro de dados de frequência, notas, plano de aula diário e atividades pedagógicas, do recurso tradicional impresso, para um sistema online de transferência de dados. Lançado no ano passado, sem a respectiva infra-estrutura de suporte que viabilize tal iniciativa, não raro o atendimento às exigências de transferência online das informações corriqueiras do diário de classe tende, forçosamente, a ser satisfeito fora do próprio horário de aula, consistindo em encargo adicional e infrutífero às atividades docentes. Saudamos a recente Circular editada no âmbito da SME-RJ, que, enfim, reconheceu os problemas de infra-estrutura. Não obstante, causa-nos preocupação o fato de a mencionada “não obrigatoriedade” dos/as professores/as em enviar os dados online, tender, na prática, a incidir em transferência do encargo para a Direção Escolar. Tendência esta que também não satisfaz nossas preocupações com uma maior ênfase que deve ser dada à dimensão didática/pedagógica/cultural da escola. A eventual transferência da atribuição à Direção Escolar, com efeito, igualmente, compromete o trabalho pedagógico do conjunto da Comunidade Escolar.
Dessa forma, apelamos aos Srs./Sras. que busquem iniciativas para a resolução desses problemas, oferecendo uma proposição coletiva, que evidentemente não esgota as possibilidades de solução, mas expressa sugestões e críticas conjuntamente refletidas por muitos/as Professores/as da Rede Municipal:
• Perseguir esforços para a melhoria da infra-estrutura de conexão à internet.
• Realização de Concurso Público para o setor administrativo, de modo a satisfazer o requisito de transferência massiva de dados online.
• Abertura a um maior tempo para o envolvimento e o debate coletivo com as comunidades escolares da nossa rede municipal de educação, visando ao amadurecimento e a troca de ideias para a realização de atribuições e cumprimento de objetivos.
• Aperfeiçoamento e simplificação da arquitetura do sistema de lançamento de informações online 3.0.
• Atendimento ao princípio da autonomia pedagógica do Professorado e da Escola Pública.
• Respeito à Lei do 1/3 para o planejamento e demais atividades de suporte à aula, desconsiderada e subsumida às exigências burocráticas de transferência de dados online.
• Em síntese, reclamamos a superação do perfil de ação, em vigor, que denota um forte traço burocratizador do Professorado. Reivindicamos, assim, o respeito à natureza centralmente cultural e educativa do papel e do trabalho docente e da Escola Pública.
Sem mais, na expectativa de iniciativas que atendam a essas demandas, restam-nos registrar nossos votos de alta estima,
Saudações cordiais!
Professores/as da Rede Municipal do Rio de Janeiro.
Obs: aos que defendem a Escola Pública e apoiam melhores condições de trabalho para os/as Professores/as da Rede Municipal de Educação, pedimos ler o documento, assinar e divulgar. Registre o seu apoio!
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