O projeto que cria o Plano Nacional de Educação (PLC 103/2012) será votado hoje pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O anúncio foi feito pelo presidente da CAE, Lindbergh Farias (PT-RJ), ontem, mesmo dia em que senadores fizeram discursos sobre a importância do ensino para concluir a abolição da escravidão, determinada há 125 anos pela Lei Áurea (leia abaixo).
José Pimentel (PT-CE) concluiu na semana passada o relatório, que mantém a destinação de 10% do produto interno bruto (PIB) à educação até o fim dos dez anos do plano. A proposta do governo era destinar 7%, mas a Câmara estabeleceu a meta de 10%. O investimento atual é de 5%. A proposta foi encaminhada pelo Ministério da Educação em 2010 para vigorar até 2020.
Entre as 20 metas do plano, estão a de alfabetizar todas as crianças até os 8 anos de idade, oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica, formar em pós-graduação 50% dos professores da educação básica e garantir a todos formação continuada em suas áreas.
Pimentel também incorporou as disposições de nova proposta do governo para a vinculação dos recursos do petróleo à educação. A MP 592/2012, editada no ano passado, passou a ser questionada porque se baseia numa realidade que acabou modificada com a derrubada de vetos presidenciais à Lei dos Royalties (Lei 12.734/2012).
O Plano Nacional de Educação será votado também nas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Educação e Cultura (CE) antes do Plenário.
Fonte: Jornal do Senado
http://www12.senado.gov.br/noticias/jornal/edicoes/2013/05/14/comissao-deve-votar-hoje-o-plano-nacional-de-educacao
Banheiro da escola
14 de mai. de 2013
1 de mai. de 2013
Dudu entrega o jogo
Acabou a brincadeira. O prefeito Eduardo Paes disse ontem que vai devolver para a Estrela o jogo ‘Banco Imobiliário Cidade Olímpica’. O brinquedo, como O DIA mostrou em fevereiro, com exclusividade, promovia no tabuleiro e nas cartas obras da atual gestão: Clínica da Família, Transcarioca, Transoeste e Museu do Amanhã. A prefeitura pagou R$ 962,4 mil por 20 mil unidades do jogo, que foi distribuído nas escolas da rede.
“Eu vou devolver. Aquilo não teve promoção pessoal nenhuma, desde o início eu disse isso, é uma decisão da Estrela de lançar. Tanto que ali eu não fiz o Cristo Redentor, não fiz o Pão de Açúcar, não fiz o Maracanã, não fiz uma série de coisas. Tem, sim, algumas obras da minha gestão, que graças a Deus são obras que marcam a cidade e que vão ficar para o legado do Rio”, afirmou o prefeito, após reunião com o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Com a decisão, a prefeitura terá de volta o dinheiro público gasto na compra. A verba saiu do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que é doado pelo governo federal para as cidades aplicarem na Educação Básica.
A medida de Paes foi anunciada após sucessão de críticas feitas por educadores e pais de alunos pela aquisição do jogo. Na época, a prefeitura disse que liberou o uso da marca Cidade Olímpica para a Estrela e, como achou o produto interessante, fez a encomenda. O prefeito disse que, com a devolução, não quer deixar dúvidas sobre sua intenção. “Isso foi lançado após a eleição. Se tivesse esse objetivo político, seria lançado antes, mas foi depois. Mas, na dúvida, eu resolvi devolver à Estrela e pedi a ela que recolhesse.” Contactada, a assessoria de imprensa da Estrela não falou sobre o assunto.
Desistência não livra prefeito de perder outra partida, a do MP
O fato de o prefeito ter voltado atrás e mandado recolher o jogo não deve mudar o curso das investigações do Ministério Público. Dois inquéritos civis públicos estão em andamento para averiguar o uso e a compra do brinquedo. Um deles está com o promotor Eduardo Santos de Carvalho, da 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Cidadania. “A investigação continua. Já mandei ofício para a prefeitura e a Secretaria de Educação com questionamentos, mas não obtive respostas. Vou reiterar e mandar novamente para ter as informações”, afirmou o promotor.
No jogo, o participante é incentivado a investir na Comlurb, na Clínica da Família, no Centro de Operações, nos BRTs (corredores de ônibus ) e até na Rio Filme, que são citadas como “empresas que podem proporcionar muitos lucros ao proprietário”. Cada uma das 1.074 escolas da rede municipal recebeu dois exemplares do Banco Imobiliário. A Estrela chegou a informar que venderia o jogo, a partir deste mês, a R$ 99,90.
http://odia.ig.com.br/portal/rio/prefeitura-entrega-o-jogo-1.577389
“Eu vou devolver. Aquilo não teve promoção pessoal nenhuma, desde o início eu disse isso, é uma decisão da Estrela de lançar. Tanto que ali eu não fiz o Cristo Redentor, não fiz o Pão de Açúcar, não fiz o Maracanã, não fiz uma série de coisas. Tem, sim, algumas obras da minha gestão, que graças a Deus são obras que marcam a cidade e que vão ficar para o legado do Rio”, afirmou o prefeito, após reunião com o Comitê Olímpico Internacional (COI).
Com a decisão, a prefeitura terá de volta o dinheiro público gasto na compra. A verba saiu do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), que é doado pelo governo federal para as cidades aplicarem na Educação Básica.
A medida de Paes foi anunciada após sucessão de críticas feitas por educadores e pais de alunos pela aquisição do jogo. Na época, a prefeitura disse que liberou o uso da marca Cidade Olímpica para a Estrela e, como achou o produto interessante, fez a encomenda. O prefeito disse que, com a devolução, não quer deixar dúvidas sobre sua intenção. “Isso foi lançado após a eleição. Se tivesse esse objetivo político, seria lançado antes, mas foi depois. Mas, na dúvida, eu resolvi devolver à Estrela e pedi a ela que recolhesse.” Contactada, a assessoria de imprensa da Estrela não falou sobre o assunto.
Desistência não livra prefeito de perder outra partida, a do MP
O fato de o prefeito ter voltado atrás e mandado recolher o jogo não deve mudar o curso das investigações do Ministério Público. Dois inquéritos civis públicos estão em andamento para averiguar o uso e a compra do brinquedo. Um deles está com o promotor Eduardo Santos de Carvalho, da 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Cidadania. “A investigação continua. Já mandei ofício para a prefeitura e a Secretaria de Educação com questionamentos, mas não obtive respostas. Vou reiterar e mandar novamente para ter as informações”, afirmou o promotor.
No jogo, o participante é incentivado a investir na Comlurb, na Clínica da Família, no Centro de Operações, nos BRTs (corredores de ônibus ) e até na Rio Filme, que são citadas como “empresas que podem proporcionar muitos lucros ao proprietário”. Cada uma das 1.074 escolas da rede municipal recebeu dois exemplares do Banco Imobiliário. A Estrela chegou a informar que venderia o jogo, a partir deste mês, a R$ 99,90.
http://odia.ig.com.br/portal/rio/prefeitura-entrega-o-jogo-1.577389
30 de abr. de 2013
Blog parado
O blog está quase parado há alguns dias. O motivo é que o editor está se livrando do vício do tabaco, e não está com a menor paciência para escrever. Em breve, retornaremos com nossa programação (mas sem cigarro).
Prefeitura do Rio recolhe exemplares de Banco Imobiliário com obras de Eduardo Paes
A prefeitura do Rio anunciou ter recolhido todos os exemplares do jogo "Banco Imobiliário Cidade Olímpica" -que inclui, entre "bens" a serem negociados, obras da gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB), o que deu margem a acusações de propaganda política. Segundo a Secretaria da Educação, cada um das 1.074 escolas recebera dois exemplares do banco.
Todos foram recolhidos, em operação encerrada na última sexta-feira (26). Um caderno de matemática também com alusão a Paes continua a ser utilizado pelos alunos, mas com a recomendação aos professores que não recorram à parte onde o prefeito é citado. Dois inquéritos civis públicos foram instaurados pelo Ministério Público Estadual para investigar o brinquedo e o caderno.
Segundo o responsável por um deles, o promotor Eduardo Santos de Carvalho, da 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva e Cidadania da capital, a prefeitura e a secretaria, comandada por Claudia Costin, ainda não responderam às perguntas que encaminhou - os prazos já venceram. Fabricante do brinquedo, a Estrela já mandou respostas. "Queremos apurar a regularidade do contrato e apurar se, para a compra do Banco Imobiliário, foram usados recursos destinados à educação", disse o promotor.
Resta saber:
- Vai haver devolução do dinheiro pago?
- Os responsáveis por essa papagaiada serão punidos pelo TRE?
- Os envolvidos serão multados?
- Se recolheram os jogos, por qual motivo ainda há exemplares nas escolas onde trabalho?
http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,rio-recolhe-exemplares-de-banco-imobiliario-com-obras-de-eduardo-paes,1026868,0.htm
27 de abr. de 2013
Agredida por alunos, diretora de escola desiste da profissão
Diretora de escola há 20 anos, H.R.S desistiu da profissão. Aos 51 anos, a educadora responsável pela escola estadual Luiz Gonzaga Righini, no bairro do Limão, zona norte de São Paulo, raramente sai de casa, onde administra os três antidepressivos receitados pelo médico que lhe deu 180 dias de licença após um trauma sofrido no último dia 17 de abril.
Na manhã daquela quarta-feira, um grupo de alunos, segundo H.R.S., “liderados por garotos em liberdade assistida da Fundação Casa”, se rebelou contra ela no pátio da escola, onde foi agredida.
“Fui cercada por 300 alunos. Os líderes me apontavam o dedo, enquanto outros jogavam papel, caderno, latinha, garrafa”, lembra a diretora, que prefere manter seu nome em sigilo. “Não vou mais voltar a trabalhar. Não dá mais. Depois da humilhação pela qual passei, não dá para voltar a escola nenhuma.”
Leia mais: http://odia.ig.com.br/portal/brasil/agredida-por-alunos-diretora-de-escola-em-s%C3%A3o-paulo-desiste-da-profiss%C3%A3o-1.576336
23 de abr. de 2013
Governo dá guaribada em números do programa "ciência sem fronteira"
Vou repetir ad eternum: os burocratas do governo não sobrevivem sem números. Por isso, encampe a ideia: "SEM AUMENTO, SEM NOTA".
Saiu na Folha de São Paulo:
O Ministério da Educação passou a computar entre os alunos do Ciência sem Fronteiras, programa de estudo no exterior, os bolsistas regulares da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão de incentivo à pesquisa.
A maquiagem ocorre há pelo menos um mês e meio, mas, na sexta-feira passada, a Capes informou aos bolsistas de seus programas regulares que eles seriam oficialmente migrados para o Ciência sem Fronteiras se fossem "elegíveis", isto é, se estivessem dentro dos critérios de seleção do programa.
No comunicado, a Capes diz que a migração é para "fins operacionais", "com o objetivo de oferecer isonomia no tratamento dispensado aos seus beneficiários".
O PROGRAMA
Lançado em 2011, o Ciência sem Fronteiras é a menina dos olhos da presidente Dilma, que estabeleceu a meta de enviar 101 mil bolsistas para o exterior até 2015. O objetivo é considerado irrealista, reservadamente, por envolvidos em sua execução.
A Capes mesmo já disse ter dificuldades estruturais para cumpri-lo: antes do programa, tinha cerca de 4.000 bolsistas. Até fevereiro, já haviam sido concedidas 22.646 bolsas do Ciência sem Fronteiras, das quais 19.601 começaram a ser pagas.
O programa está sob responsabilidade de Aloizio Mercadante (Educação), que o lançou quando era titular do Ministério da Ciência e Tecnologia. Ele aspira concorrer ao governo paulista ou assumir a Casa Civil em 2014.
As bolsas regulares e o Ciência sem Fronteiras oferecem remuneração semelhante, mas a seleção e a aceitação internacional são diferentes. O programa também engloba uma parcela menor das áreas de conhecimento, ao praticamente excluir as ciências humanas.
Parte expressiva das 19.601 bolsas implementadas pelo programa até agora pode ser de alunos que não foram selecionados por meio dele.
A Folha cruzou nomes de estudantes aprovados nos editais de doutorado regular da Capes no exterior com a lista de alunos do Ciência sem Fronteiras disponível no site oficial do programa.
Em 2012, foram 280 aprovados no programa regular de doutorado fora do país. Pelo menos 60 desses estudantes constavam da lista de bolsistas do Ciência sem Fronteiras sem que estivessem efetivamente dentro dele.
A Folha entrou em contato com 25 desses bolsistas em oito países. As respostas revelaram surpresa por parte dos alunos. Alguns nem sequer tinham se inscrito no programa. Três relataram terem sido reprovados no Ciência sem Fronteiras.
Estudante de doutorado na Freie Universität Berlin, na Alemanha, Grégori Romero chegou a tentar o Ciência sem Fronteiras. Quando se inscreveu, conta, não tinha preferência entre os programas.
"Mas, agora que tenho a da Capes/Daad, acho que é uma vantagem, pois mesmo recebendo o auxílio do Brasil, sou aluno Daad, que é um órgão alemão com fama internacional. É um programa mais tradicional, com critérios de seleção mais elaborados."
André Hallack, doutorando na Universidade de Oxford (Reino Unido), conta que foi aprovado por ambas as bolsas, "que são praticamente iguais". "Quando saiu o resultado do Ciência Sem Fronteiras, eu já estava bem fechado com a bolsa da Capes, então ignorei o processo dele."
Alguns dos estudantes ouvidos relataram ter questionado a Capes por e-mail. Eles receberam como resposta que a manobra é "para dar estatística" e cumprir "metas do governo federal".
A distorção pode ser ainda maior, já que a Folha observou também, em outros editais de doutorado pleno e doutorado-sanduíche, mais nomes repetidos.
Foi solicitada à Capes a lista de bolsistas regulares, mas a instituição alegou falta de estrutura para entregá-la, para saber quantos de fato são eles e se também estavam no Ciência sem Fronteiras.
O pedido foi feito novamente via Lei de Acesso à Informação, mas o governo ainda não respondeu.
http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2013/04/1267095-manobra-do-governo-eleva-numero-de-programa-de-bolsas-no-exterior.shtml
22 de abr. de 2013
Imagens da greve de SP
Talvez pareça fora do contexto, mas essa primeira foto foi tirada durante a manifestação dos professores de SP.
Greve no RJ
O Sindicato Estadual de Professores de Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) terminou sua greve de 72 horas nesta quinta-feira (19) com uma multa de R$ 1,5 milhão. De acordo com uma liminar expedida pelo desembargador Ademir Paulo Pimentel, do Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) na última terça-feira (16), para cada dia de paralisação, o SEPE deveria pagar R$ 500 mil de multa.
Como a "greve de advertência" de 72 horas já estava acertada pela direção do Sepe deste março, os sindicalistas optaram por continuar o movimento. Segundo eles, houve cerca de 40% de adesão dos mais 75 mil professores da rede estadual. Já pelos números da Secretaria Estadual de Educação (Seeduc), apenas 271 docentes cruzaram os braços.
- Já fomos notificados da multa de R$ 1,5 milhões e vamos recorrer com nosso jurídico - explicou a coordenadora-geral do Sepe, Marta Moraes.
Professores e sindicalistas fizeram um protesto nesta quinta-feira em frente à Seeduc na tentativa de serem recebidos pelo secretário Wilson Risolia, que não foi bem sucedida. De lá, o grupo reuniu-se em assembleia para decidir os próximos passos do movimento. O Sepe marcou para a próxima quarta-feira (24) outro ato em frente à Seeduc com o mesmo objetivo, além de uma passeata para o dia 8 de maio que partirá do Largo do Machado, na Zona Sul, em direção ao Palácio Guanabara.
Os sindicalistas também decidiram por tentar marcar uma audiência com a presidente do TJ-RJ, Leila Mariano. Segundo eles, o grupo não foi ouvido pelo desembargador Pimentel, que expediu liminar estipulando a multa de R$ 500 mil por dia de paralisação.
Reivindicações
Uma das demandas da classe uma remuneração de cinco salários mínimos para professores, e 3,5 salários mínimos para demais funcionários da Seeduc. No entanto, de acordo com Marta Moraes, a principal reivindicação é a questão das condições de trabalho em sala de aula, que estariam sucateadas e superlotadas.
A Seeduc informou nesta quinta-feira que representantes do Sepe foram recebidos seis vezes pelo órgão neste ano. Segundo a secretaria, o próprio secretário Wilson Risolia teria se reunido duas vezes com os sindicalistas. A Seeduc afirmou ainda que haverá um reajuste de 5,84% em maio, referentes à inflação de 2012.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/educacao/professores-da-rede-estadual-terminam-greve-com-multa-de-15-milhao-8157075.html#ixzz2RCGKdu88
Fraude de educadores nos EUA põe bônus em xeque
No Rio, também circulam notícias de escolas que burlam o sistema. Segundo a rádio corredor, há escolas que, no dia da prova, retiram os piores alunos de sala. Também ouvimos falar de escolas que aumentam as notas corrigindo os erros dos alunos. Será só boato?
Em 2009, a americana Beverly Hall, então dirigente de um distrito escolar em Atlanta, foi eleita pela Associação Americana de Administradores de Escolas como a superintendente do ano. Foi recebida na Casa Branca pelo ministro da Educação, Arne Ducan. Seu feito era notável. Os 52 mil alunos dos colégios públicos que administrava, em sua maioria pobres, registravam médias maiores nos exames de avaliação de desempenho do que estudantes de áreas ricas da cidade. No mês passado, porém, os Estados Unidos descobriram que era tudo bom demais para ser verdade.
Beverly Hall foi formalmente acusada, junto com 34 educadores sob seu comando, de fraudar as notas dos alunos, orientando professores a apagar com borrachas e corrigir as respostas erradas nos testes que avaliam as escolas. A motivação seria o recebimento de bônus financeiros atrelados ao desempenho dos estudantes. Por causa dessas recompensas, Beverly, além de famosa, ficou rica: ganhou US$ 500 mil em bônus de performance.
O escândalo gerou um intenso debate sobre a recompensa por mérito nos Estados Unidos, país que mais aplica a fórmula — inspirada em práticas empresariais — nas escolas. No Brasil, onde os bônus são cada vez mais comuns nos sistemas educacionais, nunca houve fraude de tamanha dimensão. Mas já foram identificados alguns casos.
No Rio, a diretora do Ciep Prof. Luiz Carlos Veroneze, em Friburgo, chegou a ser exonerada pela Secretaria estadual de Educação no final de 2012, depois de ter sido filmada dando dinheiro a estudantes para eles fazerem a prova do Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (Saerj).
Em Sorocaba, interior de São Paulo, a Secretaria estadual de Educação encontrou indícios de irregularidade na escola Reverendo Augusto da Silva Dourado, após denúncias de que alunos tiveram a ajuda de professores para fazer provas do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) em 2011. O caso segue sob investigação.
Em Foz do Iguaçu (PR), a Câmara dos Vereadores apura se alunos com baixo desempenho foram orientados por docentes a não comparecerem no dia da realização da Prova Brasil em 2009.
Nas três cidades brasileiras, professores recebem bônus financeiros conforme o desempenho dos alunos.
Especialistas em educação no Brasil dizem que, mesmo não tendo sido identificado até agora um escândalo de grandes proporções como em Atlanta, o país precisa melhorar seus sistemas de acompanhamento para garantir a segurança das avaliações e a qualidade das informações por elas geradas.
Para o coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o Brasil tem pouca prática de fiscalização e tem que melhorar seus mecanismos de controle, com mais participação da sociedade civil organizada e de órgãos como Ministério Público e casas legislativas.
Cara cita o caso da escola estadual de Sorocaba, que foi classificada como a melhor de São Paulo no 5º ano em 2011, com nota 9,3. O caso levantou suspeitas porque todos os alunos tiveram nota máxima em matemática. Em 2010, a nota da escola havia sido 6,1.
— É preciso pegar casos em que há grandes alterações de nota para cima ou para baixo e fazer uma análise aprofundada sobre os motivos que levaram a essas alterações — disse Cara.
Professor do Grupo de Avaliação de Medidas Educacionais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Francisco Soares ressalta a importância de avaliadores externos e diz que é impossível acabar com os casos de corrupção, pois ela faz parte do ser humano. Para ele, apesar das denúncias, as avaliações de desempenho continuam produzindo dados confiáveis e essenciais para o planejamento de políticas educacionais.
— Hoje sabemos muito sobre a situação real dos alunos do Brasil, onde eles aprenderam e onde não aprenderam. Há pessoas que dizem que todo o sistema está sob suspeita. Acho que não. Os dados produzidos precisam ser usados para detectar corrupções — diz Soares.
O professor da UFMG afirma estar preocupado com a ausência de muitos alunos em avaliações de desempenho.
— A gente pode estar obtendo uma imagem muito mais positiva da escola do que a realidade. Caso os alunos que faltaram ao exame tivessem comparecido, será que a realidade de sua escola seria diferente? — questiona Soares.
Reynaldo Fernandes, professor de Economia da USP em Ribeirão Preto e ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), lembra que o Brasil já teve vários casos de denúncias envolvendo vestibulares e compra de gabaritos.
Para ele, uma das principais medidas a serem tomadas é garantir que as provas de avaliação não sejam aplicadas pelos professores dos alunos e, de preferência, que agentes externos o façam, como já acontece em muitos exames feitos no país. Isso diminuiu o interesse dos aplicadores em fraudar a prova, já que não receberão bônus salariais relacionados aos resultados dos alunos fiscalizados.
No entanto, ele lembra que a questão da segurança tem um peso financeiro grande nos custos de aplicação de testes.
— Há modelos mais e menos seguros. Os mais seguros são os mais caros. Colocar pessoas de fora para fiscalizar encarece muito, mas ganha-se em segurança. Ter mais modelos de provas também ajuda, mas encarece e aumenta a logística necessária. A prova perfeita é muito intrincada — diz Fernandes.
William Massei, diretor de avaliação da Secretaria de Educação de São Paulo, diz que o sistema está sendo aprimorado para identificar fraudes.
— No ano passado, fizemos visitas a escolas escolhidas ao acaso no dia da aplicação das provas do Saresp. Estamos analisando as notas das escolas após a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp) para identificar esses pontos fora da curva — afirma Massei.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/educacao/fraude-de-educadores-nos-eua-poe-bonus-em-xeque-8179570.html#ixzz2RCEX2VQ6
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